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Pr. Márcio A. Leão
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Nunca pensei que chegaria a ouvir uma indagação
de um amigo como ouvi por esses dias. E justamente essa indagação que me levou
a escrever este artigo. “Você já se perguntou do que uma igreja local precisa
fazer para seu crescimento?” Se não, certamente já ouviu muitos líderes não só
fazerem esta pergunta, mas principalmente preocupados com isso. Fórmulas
supostamente miraculosas, muitas maneiras, várias estratégias, e isto não
considerando que cada planejamento demanda cinco, dez, vinte... enfim mil coisas
que fazer para a igreja local crescer.
Exemplo disso é o tal do “encontro com
Deus”! Por algumas vezes que me encontrei um pastor amigo ele sempre insiste em
me convencer de que devo participar do “Encontro com Deus” que acontece em sua
igreja. Não só o encontro, mas também o pós-encontro, o “novo-encontro”, enfim,
mais ou menos o “antes, o durante e o depois”. Como se não bastasse por esses
dias ao encontrá-lo pela rua, ele perguntou: “Você não quer que sua igreja
cresça mesmo, não é? Você não quer ver sua igreja crescer né?”. Pensando já ter
ouvido de tudo ele continuou dizendo: “Rapaz, todas as igrejas estão nessa
visão e se você não entrar nela, sua igreja será sucumbida”. Meu Deus!!!
Confesso que fiquei sem reação diante da declaração do pastor, e logo ao sair de
sua presença disse para mim mesmo: “e eu que achava que o diabo é quem era
nosso único inimigo!”
Mas fica a pergunta: Será que nós líderes
devemos realmente nos preocupar com o que fazer para o crescimento da “nossa”
igreja? Existe realmente uma fórmula mágica para tal crescimento? Porque quando
lembramos que existe uma Bíblia que é a Palavra de Deus, e nela encontra-se
registrado o início da Igreja e seu crescimento percebemos o quanto esses líderes
estão equivocados no que se refere ao crescimento numérico da igreja. Basta
estudarmos a bíblia e logo veremos que a igreja foi estabelecida nos seguintes
princípios:
1) SACRÍFICIO: foi necessário que
Cristo se sacrificasse por nós para que por meio dele nossos pecados fossem
perdoados.
2) GRAÇA: o sacrifício foi a
manifestação da Graça de Deus. Cristo morreu por todos nós, mas Deus mediante a
sua graça nos alcançou pela sua misericórdia.
3) ARREPENDIMENTO: o arrependimento é
o resultado da graça de Deus operada em nós quando entendemos por meio do
Espírito Santo o sacrifício de Cristo. Quando Pedro prega seu primeiro sermão
no dia de pentecostes, em Atos 2:37, vemos que aquelas pessoas que ali se
encontravam foram impactadas pela pregação e ouve um arrependimento profundo no
coração delas, ou seja, sendo elas alcançadas pela graça de Deus, compreendendo
o sacrifício de Cristo, logo veio o arrependimento.
4) DISCIPULADO: não basta somente
levar as pessoas ao arrependimento, mas é necessário discipulá-las, prepará-las
para que elas cresçam na fé e se comprometam com a propagação do Evangelho.
5) CAPACITAÇÃO: esse é o ponto
primordial para o crescimento da Igreja, em ATOS 1:04. Jesus determinou que a
Igreja não se ausentasse de Jerusalém, ou seja, não se preocupassem onde
deveriam abrir outra congregação, ou que nome deveria receber, ou como seria
realizado o culto inaugural, pelo contrário, deveriam esperar que se cumprisse
a promessa do Pai em lhes batizar com o Espírito Santo. Mas porque deveria
esperar? Qual a necessidade de que a Igreja fosse primeiramente batizada,
revestida do Espírito Santo? Logo encontramos a resposta no versículo 08: “para
serem suas testemunhas...” ou seja, seriam capacitados para evangelizarem o
mundo inteiro.
No livro de JOÃO 16:13, Jesus disse: “quando
vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as
cousas que hão de vir.” Essa palavra é maravilhosa, pois vemos aqui o Deus
misericordioso que além de nos alcançar, gerar em nós arrependimento, nos capacita
com seu Espírito para que possamos anunciar as boas novas aos povos.
É justamente isso que percebemos na
Bíblia: Deus alcançando vidas por meio do seu Espírito que opera por meio da
Igreja. Não vemos os discípulos preocupados com o que fazer para que “suas”
sinagogas cresçam, qual deveria ser o tamanho do templo, ou se a igreja do lado
esta crescendo ou não, pelo contrário, vemos homens cheios do Espírito Santo
com um desejo de anunciar a palavra de Deus às pessoas e sendo esses um
instrumento nas mãos do Espírito Santo para que a obra de Deus fosse realizada
como, por exemplo, no livro de ATOS 13:02, onde está escrito: “E, servindo eles
ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado.”
Com todo respeito aos amigos adeptos a
todo tipo de mecanismo que ocupem suas mentes de como fazer para crescer “suas”
igrejas, mas nada nesse mundo poderá se igualar ou ser tão eficiente como a
ação do Espírito Santo de Deus na Igreja. O que vejo em ATOS 2:37-47 não é
nenhum movimento como o “encontro com Deus”, mas vejo uma Igreja sedenta por
Cristo, que cuidava uns dos outros sem sequer haver disputas ministeriais, e o
próprio Deus se incumbindo de acrescentar aqueles que iam sendo salvos.
Em vez dos líderes gastarem seus
preciosos tempos em reuniões enfadonhas buscando qual deva ser a nova
estratégia, deveriam convocar seus obreiros para orarem, se humilharem na
presença de Deus e suplicarem pela presença do Espírito Santo para que ele nos
diga para onde ir, ou o que falar como vemos no livro de ATOS 8:26-40. Lideres
que desejam não o crescimento de “suas” igrejas, mas que sejam tão uteis como
foram J. Hudson Taylor, Charles H. Spurgeon, Jonathans
Edwards, John Wesley, George Whitefield e muitos outros que se entregaram ao desejo de
verem o Reino de Deus ser propagado e não suas denominações em si.