Imagem extraída do Google Image
Prof. Leonardo Miranda
_______________________________
Fenomenologicamente
o ser humano tem a necessidade de interagir com a realidade existente. A grande
evidência social de que alguém está vivo, isto é, alguém, de fato, sabe viver e
a aproveitar a vida, gozar do benefício da existência, é a interação. Interagir
significa exercer ação mútua com algo ou
alguém, afetando ou influenciando o desenvolvimento ou a condição um do outro,
mantendo sempre a comunicação, o diálogo em dada
situação, seja ela familiar, profissional etc.
Esse ato de relacionar-se e
de compartilhar de determinada
atividade com outro é o que caracteriza a interação.
Mas,
considerando os aspectos da individualidade, da coletividade e os culturais, as
pessoas e comunidades podem ser comparadas grosseiramente às impressões
digitais. Assim como cada dedo possui uma distinta, ninguém é igual a ninguém e
mesmo que muitas informações como as dadas pela educação, pela política, pela
economia e pela arte e outros domínios da vida, sejam comuns a todos, a forma
de absorção destas informações não será a mesma. Cada pessoa processa as mesmas
informações de modo diferente. E como se já não bastasse, o comportamento,
decorrente da apropriação de valores, em cada pessoa também se manifesta de
forma diferente. Cada pessoa se comporta com base nos valores que considera
correto.
Eis,
então, o grande desafio da interação. Como saber se os valores e os
comportamentos estão corretos ou errados? Como saber se a própria interação
está correta ou é correta do modo como ocorre? E se está, quem estabeleceu que
está? Esta certeza é interna, isto é, parte da subjetividade de um, que
influencia o restante ou é externa? Se é interna, com que autoridade este
alguém estabeleceu que seus valores estão corretos? Se é externa, de onde vem?
E quem estabeleceu que a certeza externa é que está correta?
Como se
pode perceber, diante de tantas perguntas, é notório que o ser humano precisa
de um ponto de referência fora de si, que seja infinito, para conseguir
responder! Do contrário, o desafio continuará e a resposta satisfatória não
virá! Assim, considerando que o cristão é o pensador que compreende a
necessidade de tal busca pelo referencial externo e este referencial é Deus,
esta é a base para se refletir teologicamente sobre as questões éticas
enfrentadas na atualidade.
Repare
que tudo se origina na interação. Se esta necessidade fenomenológica não
existisse, se cada ser humano fosse como uma ilha, isto é, totalmente isolado,
se não houvesse a precisão da inter-relação e, consequentemente da
interdependência, certamente não existiriam as questões éticas. Mas, como há
esta interação, então, é necessário que se reflita sobre as questões éticas.
Isto não levando em consideração que os conflitos decorrentes da interação são
por causa do pecado. Além disso, a sociedade está em constante transformação.
Hoje se apregoa um valor, amanhã este valor pode mudar, pois, a pós-modernidade
é caracterizada justamente pela relativização e incerteza de valores.
Como já
se sabe, a origem das questões éticas está na interação entre os seres humanos
entre si e com o restante da realidade. Mas sua manifestação ocorre nas
instituições socais das mais diversas. Elas se manifestam nas instituições
familiares basicamente através do amor-próprio, da sexualidade, do controle da
natalidade, do aborto e do divórcio. Já nas instituições civis, elas se
manifestam na relação política, nas finanças privadas e públicas, na
consideração dada à ecologia, diante dos vícios dos mais variados, na relação
com o infrator pela pena de morte, na situação de transplantes e doação e
órgãos, na eutanásia, na bioética, na saúde pela clonagem de seres humanos e na
prática da justiça em qualquer instância. Nas instituições militares, a questão
principal é sobre a guerra e nas instituições religiosas o grande desafio é
sobre a tolerância ou não-tolerância religiosa diante do outro que crê de modo
diferente e como um deve se comportar perante o outro.
Mediante
o aparecimento e o incômodo social provocado pelas questões éticas, como fica a
ética cristã? Ou como deve se posicionar quanto às dificuldades e
questionamentos? Já se sabe que a ética cristã é tão válida enquanto sistema de
pensamento quanto a ética não cristã. Assim, nas relações com as instituições
familiares, civis, militares e religiosas, o posicionamento da ética cristã
deve seguir uma estrutura lógica com pressuposições próprias, autenticamente
bíblicas.
Em outras palavras, a ética cristã, não precisa e não assume as prerrogativas
não-cristãs de interpretação da realidade.
Para
começar, cada questão ética deve ser considerada um caso particular.
Quando se pergunta se um preço é justo, ou se um aborto praticado foi
moralmente justificado ou se a mentira do médico na tentativa de poupar o
sofrimento é correta,
estes são exemplos de casos particulares em que a ética cristã defronta-se
diariamente, perguntando sobre o que é certo e o que é errado em cada situação.
Assim, para se iniciar a discussão ética, o cristão deve perguntar qual o
significado de cada questão mencionada acima.
A
seguir, o pensador cristão, teólogo ou leigo, deve perguntar quais as
consequências mediante os casos particulares serem praticados e mediante não
serem praticados, ou seja, quais os argumentos contrários e quais os argumentos
a favor da prática. Diante das possíveis respostas, só terá condições de
prosseguir em seu raciocínio pelo uso dos princípios morais. Tratam-se
dos mais abrangentes e importantes conceitos éticos extraídos das Escrituras.
Eles não se aplicam apenas em algumas atividades, mas a todas, significando que
para a ética cristã existem princípios universais. São, portanto, princípios
sem exceção, que não cedem a qualquer tipo de conveniência. Leis justas,
governo justo, economia justa, preços justos, salários justos, relações
tranquilas entre esposo e esposa e entre as nações, etc. são alguns princípios morais
que fundamentam a ética, pois eles procedem de Deus.
Então,
este mesmo pensador deve voltar sua preocupação para a tentativa de conduzir
suas conclusões à prática diária; e isto acontecerá quando estabelecer as regras morais. Os princípios morais são
expressos nas atividades práticas através das regras morais. Um exemplo
interessante está no texto de Êxodo 20:13 que transforma o princípio da
preservação da vida numa regra prática: “Não matarás”.
Acima
de tudo, nesta interação entre a ética cristã e as instituições sociais
variadas, o pensador deve entender que é a crença em Deus e nos valores
bíblicos que certamente o conduzirá ao discernimento do que é certo e do que é
errado, norteando seu comportamento ao mesmo tempo em que o capacita a distinguir
o que realmente é proveitoso e o que não é para a fé e a própria relação com
Deus, pois sua ética se baseia exatamente nisto: a Revelação especial de Deus.
Pense nisto!
HOLMES, Arthur F.. Ética: As decisões morais à luz da Bíblia.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
muito interessante este artigo pois nos deparamos em uma sociedade de múltiplos pensamentos e cada um com seus ativistas e lideres ideológicos e que coloca seus ideais como o correto, exemplo são os ateus que tem por sua convicção que Deus em suma não existe e tem por fé que o começo de tudo foi numa explosão que derivou a evolução marxista e nos como cristãos como portar nos diante destes e dos demais seguimentos da sociedade que cada vez mais se torna mais pluralista e defender apologeticamente a fé crista, interessante pois nos leva a reflexão.
ResponderExcluir