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domingo, 31 de julho de 2011

Se os teus olhos forem bons: Um olhar cristão contemporâneo sobre a pós-modernidade



Prof. Rodrigo Marcelino
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“Uai! Pós-modernidade? Que bicho é esse?”. Essa foi minha expressão, como um bom mineiro! “Que espírito é esse?”. Completei a pergunta como um bom crente extremamente influenciado pela nova teologia da batalha espiritual surgida no início da década passada.

O ano era de 2001 a primeira vez que tomei contato como tema. Ainda me lembro de quando pedi ao meu pastor algum livro interessante para ler, e do quanto fiquei ansioso quando ele se retirou até o seu gabinete para buscar o livro. Depois de alguns minutos, que para mim pareceram uma eternidade, ele retornou trazendo um livro e no rosto um ar solene daquele que só usamos quando morre alguém ou quando médicos dão notícias de doenças graves aos seus pacientes. Ele me entregou o livro e disse em tom bem pastoral, de alguém que se preocupava em me fazer sentir-se importante: “Rodrigo comprei este livro, e acho que você por ser um bom leitor irá gostar! Leia e depois me conte o que achou”. Eu peguei empolgadíssimo aquele livro, o título da obra era: Fim de Milênio: os Perigos e os Desafios da Pós-modernidade na Igreja.

Confesso que o livro contribuiu e muito, em princípio, para que eu tivesse uma má impressão e, consequentemente, desenvolvesse uma relação muito ruim com a pós- modernidade. Com o tempo amadureci e fiz novas interpretações sobre o referido tema. Assim, baseado na tentativa de esclarecer algumas posturas adotadas em relação a este movimento cultural que proponho este texto.

Uma postura é a “demonização” da pós-modernidade. Durante algum tempo nos habituamos ouvir da boca de pregadores, e da escrita de alguns autores cristãos uma idéia completamente “demonizada” da pós-modernidade. Isto mesmo, “demonizada”! Frequentemente alguns pais cristãos dizem: “nossos filhos estão sendo assediados pelo ‘espírito da pós-modernidade’”, demonstrando que o entendimento religioso popular da pós-modernidade é de que ela é um espírito (demônio ou encosto), que pode, como os demais demônios, ser amarrado, queimado e até expulso. A outra postura é o posicionamento oposto, assumido por aqueles que adotaram a pós-modernidade como seu guia de orientação para a vida espiritual, tornando sua mensagem refém de um padrão cultural que nada tem a ver com as Escrituras Sagradas. Mas, há uma postura mediana, equilibrada, bíblica, que aponta para as inúmeras limitações e disparidades da pós-modernidade em relação ao Cristianismo, mas não a “demoniza”, reconhecendo também suas benesses e será com base nesta postura mediana que seguiremosnossa reflexão.

As principais dificuldades da pós-modernidade estão relacionadas às questões dos valores ético-morais que conflitam com o ensinamento bíblico. Basta olharmos para instituições sérias de nossa sociedade, como a família, e percebemos as dimensões que tomaram: antes para definirmos a existência de uma família era necessário termos um pai (homem) uma mãe (mulher) e filhos. No contexto pós-moderno já temos outras configurações definidas como família: homem com homem, homem com homem e filhos, mulher com mulher, e mulher com mulher e filhos; e até mesmo famílias só de filhos sem pais.

Com se percebe, aquelas lentes bíblicas usadas na percepção da modernidade que enxergavam tudo em preto ou branco, homem ou mulher, macho ou fêmea, certo e errado agora passam a funcionar não mais com estes critérios antagônicos, mas promove um verdadeiro degradê de cores, misturas de posicionamentos, e cada vez maior dificuldade de identificar uma postura como anteposta à outra somente. E há muitos outros exemplos! Eu poderia enumerar aqui um imenso número de conceitos anticristãos propagandeados pela pós-modernidade e, com isso, assumir uma postura radical e absolutamente contrária a pós-modernidade argumentando sobre uma tentativa de retorno à modernidade, mas também seria problemático! Mesmo que eu passasse horas a fio escrevendo sobre os “benefícios” da modernidade, ela também não responde sobre modo de vida cristão e muito menos sobre como deve ser a correta moralidade. Pelo contrário, há um sério problema em se rejeitar a pós-modernidade e aceitar a modernidade como o movimento que supostamente parece fazer justiça ao paradigma Cristão. Então fica a pergunta: Se a modernidade não é boa e a pós-modernidade também apresenta falhas, o que deve ser feito?

Muito simples! O que se deve fazer é a busca pelo retorno ao ensinamento das Escrituras, independentemente do que estamos vivendo e assim olharmos para o que existe de proveitoso na pós-modernidade! Desse modo, quero com o restante deste texto te convidar a lançar um novo olhar sobre essa pós-modernidade.

Normalmente, quando pensamos em Cristianismo no ambiente nos dias de hoje, tomamos uma postura de defesa e ataque. Pensamos o Cristianismo com categorias da modernidade e tendemos a ver ambos de “mãos dadas” como movimentos iguais e contrários a pós-modernidade. Creio que já deixei claro que não faço apologia nem à modernidade e nem à pós-modernidade. Para mim, ambas apresentam problemas em suas visões de mundo.

Então, o que se sugere é que o cristão reflita sobre o conceito e a funcionalidade da pós-modernidade. Alguns a chamam de um período histórico, outros a chamam de um movimento social. Entretanto, do ponto de vista filosófico-teológico dizer que vivemos em um mundo pós-moderno, abordando sua pretensa historicidade e sua suposta capacidade de envolvimento na mentalidade social, como gostam de alarmar alguns, pode ser muito perigoso, pois tal declaração significa considerar a pós-modernidade como um movimento estanque que pode ser definido cronologicamente na história como tendo “começado em” e “vai terminar em”. Todavia que tal se revermos o seu conceito e considerarmos a pós-modernidade como um movimento cultural, que permeia todas as instâncias da vida humana? E que é possível vivermos o cristianismo como um sistema de vida dentro desse novo movimento cultural sem abrirmos mão de peculiaridade do Evangelho?

Como bem disse certo pastor: “tanto a modernidade quanto a pós-modernidade são feitas de riscos e oportunidades como todo movimento cultural”. Os riscos podem ser percebidos com facilidade nas críticas dos pregadores e autores cristãos como já mencionei, já as oportunidades...! É preciso um olhar mais atento para percebê-las. Vejamos algumas oportunidades que poderiam ser aproveitadas por nós cristãos na propagação do evangelho:


· O equilíbrio entre emoção e razão: Contrapondo-se ao ideal racionalista da modernidade que estimulava o homem a deixar em segundo plano ou desprezar as emoções, a pós-modernidade estimulou o homem a valorizar as emoções como algo intrínseco a inteligência, aja vista as empresas pararem de avaliar as potencialidades de seus funcionários baseadas no QI (quociente intelectual) e passarem a avaliar baseadas no QE (quociente emocional).

· O retorno a busca da espiritualidade: Outra postura que percebemos na pós-modernidade é o interesse dos homens por questões espirituais. É possível encontrar na lista dos livros mais vendidos, sempre algum livro que mencione questões espirituais, algo do que o homem moderno procurou se afastar, como se interessar por questões espirituais fizesse dele alguém menos racional.

· A prática da apologética cristã com mais liberdade: Para mim que sou professor da disciplina Apologética no Seminário e um apreciador da apologética pressuposicional (um tipo específico de argumentação), creio que seja nesta área do conhecimento teológico que mais benefícios podemos extrair ao nos relacionarmos com a pós-modernidade. Ao se praticar a apologética pressuposicional dentro da modernidade havia sempre a crítica daqueles que acreditavam na neutralidade científica (o estudioso aproximando-se de seu objeto de estudo imparcialmente, destituído de todas as paixões e completamente livre de pressupostos que poderiam interferir na sua avaliação). Já na pós-modernidade não só é aceito pela comunidade teológica, filosófica e científica a possibilidade de nos aproximarmos do objeto de estudo municiados de paixão como também é compreendido e apregoado a inevitabilidade de pressupostos.


Logo, antes de demonizarmos a pós-modernidade e dela extrairmos apenas o pior ou a usarmos levianamente como modelo ou guia de espiritualidade relativista, ousemos olhar para ela como mais um movimento feito de riscos e oportunidades, e discernindo o que disse Jesus: “Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”. Olhemos para a pós-modernidade com os olhos que Jesus a veria discernindo as moscas dos camelos, coando o que deve ser coado e engolindo o que pode ser engolido!

Em Cristo desejo-vos a paz!

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