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sábado, 17 de dezembro de 2011

CONSEQÜÊNCIAS DO USO DA FILOSOFIA NÃO-CRISTÃ NO MEIO CRISTÃO E UMA PROPOSTA DE COMBATE


Imagem extraída do Google Image
Prof. Leonardo Miranda
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Boa parte dos cristãos entende que o Cristianismo é uma forma diferente de crença, mas não necessariamente de pensamento. Segundo eles, só haveria uma forma de raciocinar, válida tanto para crentes como para incrédulos. Todavia, há uma maneira cristã de pensar e conseqüentemente de agir.[1]

A tradição Cristã Reformada, depois de assumir o conceito de “cosmovisão cristã” (visão cristã de mundo), que é a compreensão de que o cristão deve ver e atuar em todas as instâncias da vida humana a partir de uma perspectiva bíblico-cristã, propõe que a Igreja e a teologia não assimilem ensinamentos filosóficos pagãos para se constituir. Isto significa que a fé cristã é independente diante da filosofia, mas não significa dizer que quando algum cristão vai refletir sobre a realidade não esteja fazendo uso da filosofia enquanto meio de racionalidade que acompanha o pensamento teórico. Parece meio confuso: se uso a filosofia para refletir, mas não devo usá-la enquanto cristão, o que devo fazer? Simples: reformar a filosofia! Esta reforma acontece quando o cristão, seja leigo ou teólogo, parte da concepção de religião como pressuposição usada em toda filosofia.[2] Vamos entender isto melhor!

Repare que habitualmente as pessoas tentam partir da neutralidade do pensamento e da racionalidade pura como ferramenta de início e fim de qualquer reflexão, contudo, não existe esta imparcialidade que muitos afirmam existir, principalmente porque toda a humanidade parte do ponto de vista religioso para se expresar. Vejamos: “a religião é entendida como sendo a orientação fundamental do homem no centro de seu ser, em direção a uma origem”.[3] Observe que com esta definição temos que qualquer pessoa, até o ateu, é religioso no sentido de crer em alguma coisa que dê sentido para a vida. Assim, quando alguém raciocina, seu pensamento não está neutro, antes, esta pessoa está raciocinando a partir de valores as quais ela acredita serem verdadeiros e inquestionáveis e indubitáveis, pois estão armazenados em sua crença, isto é, em sua religiosidade que antecede sua razão.

Este “centro do ser” humano é popularmente chamado de “coração”, e é justamente esta orientação que determina o funcionamento de toda vida do homem incluindo sua fé e seu pensamento filosófico. Portanto, considerando a entrada do pecado na vida humana pela queda de Adão e Eva e que o homem teve seu centro corrompido e, por conseguinte, desviou-se de todas as suas funções, é de se esperar que o pensamento filosófico do não-cristão seja oposto a Deus e caracterizado por uma interpretação distorcida de si mesmo e da realidade. Por isso não é possível refletir a fé cristã a partir do uso da filosofia não-cristã. Fazer isto, como alguns ingenuamente acham que conseguem, é, na verdade, uma tentativa de sintetizar doutrinas cristãs com propostas anticristãs[4].

Voltamos, então, à pergunta inicial: Ora! Se o cristão não deve se apropriar da filosofia não-cristã para refletir sobre a realidade, então como deve fazer? Voltamos, então, à resposta inicial: Muito simples! Deve reformar a filosofia!

Reformar é pegar todas as crenças, todos os conceitos e todas as idéias que não possuam bases cristãs e submetê-las ao crivo do evangelho com intuito de que o que houver de verdade e o que houver de falsidade na mesma produção, manifestem-se.

E como combater a prática deste sincretismo, desta mistura dos fundamentos cristãos com a forma de pensar não-cristã, com a filosofia pagã? Simples! Fazendo uso da visão cristã de mundo com uma forma de pensar genuinamente cristã! Observe:

Todo cristão deve firmar um compromisso com a verdade bíblica tomando para si a cosmovisão cristã integral como ponto de partida para o pensamento cristão, incluindo a busca por uma reforma do pensamento, seja ele científico ou filosófico. A essa proposta deu-se o nome de “filosofia reformacional”, ou “pensamento reformacional”, que aqui chamamos de “filosofia cristã”. Nas palavras do pastor Guilherme Carvalho:

“...um pensamento teológico fiel à fé cristã exige uma reforma interna do pensamento filosófico, e o desenvolvimento de um instrumental filosófico radical e estruturalmente bíblico. [...] Não é que nada possa ser aproveitado, entre os produtos culturais e intelectuais dos incrédulos, mas que nada pode ser aproveitado sem reforma”[5].

Pense nisto!


[1] Aos interessados, sugiro a leitura do artigo Existe uma “forma Cristã” de Pensar? A Idéia de uma Reflexão Cristã na Tradição Reformacional. CARVALHO, Guilherme Vilela Ribeiro. Existe uma “forma Cristã” de Pensar? A Idéia de uma Reflexão Cristã na Tradição Reformacional.  RTPC, ano 6, n. 23, julho/dez. 2005.
[2] CARVALHO, Guilherme Vilela Ribeiro. O dualismo natureza/graça e a influência do humanismo secular no pensamento social cristão. In: LEITE, Cláudio Antônio Cardoso, _______, CUNHA, Maurício José Silva (Organizadores). Cosmovisão Cristã e Transformação: Espiritualidade, Razão e Ordem social. Viçosa: Editora Ultimato, 2006.
[3] Ibidem, p.142.
[4] Ibidem, p.142.
[5] Ibidem, p.142, 143

2 comentários:

  1. ESCELENTE TEXTO LEONARDO.
    FICO FELIZ DE LHE TER COMO AMIGO E PARCEIRO DE CAMINHADA CRISTÃ
    EM CRISTO,
    RODRIGO MARCELINO

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  2. É importante que a Igreja tome consciência de que o evangelho não é meramente mais uma religião que deve se portar em pé de igualdade com as demais, de fato o evangelho é uma filosofia da vida, a qual Cristo o único Senhor de tudo é o centro e a razão de toda a criação.

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