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Pr. Márcio A. Leão
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Como
vários brasileiros, não pude deixar de acompanhar a sentença do jovem
Lindemberg Alves, pronunciada pela juíza Milena Dias, após quatro dias de
julgamento no fórum de Santo André – SP. Ao findar de 40 horas de trabalho, a
justiça se dá por satisfeita em condenar o rapaz de 25 anos de idade a 98 anos
e 10 meses de reclusão pela morte de Eloá e pelos 11 crimes cometidos durante
os cincos dias de confinamento ocorrido em outubro de 2008, sendo este
considerado o maior crime de cárcere privado no país.
Os
jurados tiveram que votar em 49 quesitos que resultaram na condenação de
Lindemberg pelos 12 crimes cometidos: homicídio
duplamente qualificado contra Eloá, tentativa de homicídio duplamente
qualificado contra Nayara, tentativa de homicídio qualificado contra o sargento
Athos Valeriano, cinco cárceres privado e por quatro disparos de arma de fogo.
Estes
crimes comoveram todo o país. Pessoas passaram tempo diante da televisão,
fizeram plantão junto ao apartamento onde ocorreu o crime, todos na expectativa
de um desfecho tranqüilo; o que não foi possível. E agora a mesma multidão se
encontrava no dia 16 de Fevereiro deste ano na frente de seus televisores e
diante do fórum de Santo André-SP, pedindo por justiça, justiça essa que
resultaria na condenação máxima do réu.
No
final do pronunciamento feito pela juíza Milena Dias, todos presentes na sala
aplaudiram seu veredito. Mas ao acompanhar a sentença me fiz as perguntas: E se
a juíza Milena resolvesse inocentar Lindemberg pelos crimes cometidos? Se o
jure que o considerou culpado não o considerasse responsável pelos seus delitos?
Como a impressa, as pessoas presentes na sala e toda a população presente
diante do fórum e pela mídia reagiriam? Afinal nem mesmo a sua advogada Ana
Lucia Assad o considerava inocente.
Não
existe na legislação de qualquer parte do mundo algo que o pudesse inocentar de
seus crimes, e certamente a juíza Milena Dias nem se quer sairia com segurança
daquele fórum se cometesse “tal loucura”, afinal existia ali presente e por
toda parte do país um clamor por justiça: “condene-o a pena máxima”!
Ao
fazer essa pergunta a uma jovem, do que ela pensaria se a juíza inocentasse
Lindemberg, a mesma me disse que a juíza seria considerada pior do que o autor
dos crimes. Ao ver esse rapaz diante daquele tribunal pensei justamente na
nossa condição diante de Deus: somos culpados pelos nossos pecados! Isto
significa que não há nada que nos justifique diante dEle; somos dignos de
sermos condenados pelo único justo, presente na sala, Deus. Ninguém por maior
esforço que fizesse poderia nos inocentar diante dEle, sim somo todos culpados,
merecedores da condenação, e ninguém consideraria Deus injusto pela sentença
pronunciada contra nós, afinal temos nossos delitos expostos diante dEle.
Então
eu respondi a jovem: A humanidade é um
lindemberg diante de Deus. Paulo ao
escrever sua epístola aos Romanos declara: “... todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está
escrito: Não há justo, nem sequer um... todos se extraviaram, a uma se fizeram
inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer... pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus.” (Rm. 3:9, 10, 12; 23). E ainda assim se não
estivéssemos incluídos nesta condição, estaríamos diante do tribunal divino
clamando que Deus fizesse justiça contra tais culpados: Condene-os a eternidade
no lago de enxofre.
Mas
não foi isso que Deus fez! Mesmo estando na condição de responsáveis pelos
nossos pecados, ele escolheu nos justificar por meio de seu filho. Langston no
seu livro “Esboço de Teologia Sistemática” diz que Deus não faz o homem justo
por declará-lo justificado. Uma das maiores glórias do evangelho é esta doutrina,
que Deus, o justíssimo entre todos, pode justificar o injusto sem praticar
injustiça.
Em
Romanos 3:25, está escrito: “Deus
ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se
tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nEle.
Deus quis mostrar com isso que Ele é justo. No passado Ele foi paciente e não
castigou as pessoas por causa dos seus pecados”; ainda em Romanos 4: 25: “...
o qual por nossos pecados foi entregue e
ressuscitou para nossa justificação.”. Ou seja, Cristo é retratado como o
propiciatório no qual eram satisfeitos os justos requisitos de Deus (Lv 16:14),
a ressurreição de Cristo ocorreu por causa de nossa justificação; isto é,
aconteceu como prova de que Deus aceitou o sacrifício de Seu filho. E pela fé
em Cristo somos justificados por Deus.
Louvemos
a Deus que não imputou a nós os nossos pecados ainda que merecedores, dignos de
condenação, mas preferiu nos oferecer perdão entregando o seu único filho na
cruz. “Deus amou o mundo de tal maneira
que deu seu único filho, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo 3:16). “Agora, pois,
já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do
Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.
Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso
fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no
tocante ao pecado; e, como efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”. (Rm
8:1-3).
Fico
pensando em quem são as pessoas que pediam por justiça; se não havia, por acaso,
no meio delas alguém que também estará, por outros motivos, ante a um tribunal
para ouvir sua sentença, pessoas que talvez no amanhã assumirão o lugar de
Lindemberg por outros crimes que chocarão a sociedade, e talvez não
reconhecerão seus erros como ele os reconheceu diante do tribunal, pessoas que
certamente ouvirão a mesma sentença: “Culpado”!
“Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo
para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. (1 Jo 2:1,2)