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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

E TODOS DIZEM: CULPADO!





Imagem extraída do Google Image

Pr. Márcio A. Leão
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Como vários brasileiros, não pude deixar de acompanhar a sentença do jovem Lindemberg Alves, pronunciada pela juíza Milena Dias, após quatro dias de julgamento no fórum de Santo André – SP. Ao findar de 40 horas de trabalho, a justiça se dá por satisfeita em condenar o rapaz de 25 anos de idade a 98 anos e 10 meses de reclusão pela morte de Eloá e pelos 11 crimes cometidos durante os cincos dias de confinamento ocorrido em outubro de 2008, sendo este considerado o maior crime de cárcere privado no país.

Os jurados tiveram que votar em 49 quesitos que resultaram na condenação de Lindemberg pelos 12 crimes cometidos: homicídio duplamente qualificado contra Eloá, tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Nayara, tentativa de homicídio qualificado contra o sargento Athos Valeriano, cinco cárceres privado e por quatro disparos de arma de fogo.

Estes crimes comoveram todo o país. Pessoas passaram tempo diante da televisão, fizeram plantão junto ao apartamento onde ocorreu o crime, todos na expectativa de um desfecho tranqüilo; o que não foi possível. E agora a mesma multidão se encontrava no dia 16 de Fevereiro deste ano na frente de seus televisores e diante do fórum de Santo André-SP, pedindo por justiça, justiça essa que resultaria na condenação máxima do réu.

No final do pronunciamento feito pela juíza Milena Dias, todos presentes na sala aplaudiram seu veredito. Mas ao acompanhar a sentença me fiz as perguntas: E se a juíza Milena resolvesse inocentar Lindemberg pelos crimes cometidos? Se o jure que o considerou culpado não o considerasse responsável pelos seus delitos? Como a impressa, as pessoas presentes na sala e toda a população presente diante do fórum e pela mídia reagiriam? Afinal nem mesmo a sua advogada Ana Lucia Assad o considerava inocente.

Não existe na legislação de qualquer parte do mundo algo que o pudesse inocentar de seus crimes, e certamente a juíza Milena Dias nem se quer sairia com segurança daquele fórum se cometesse “tal loucura”, afinal existia ali presente e por toda parte do país um clamor por justiça: “condene-o a pena máxima”!

Ao fazer essa pergunta a uma jovem, do que ela pensaria se a juíza inocentasse Lindemberg, a mesma me disse que a juíza seria considerada pior do que o autor dos crimes. Ao ver esse rapaz diante daquele tribunal pensei justamente na nossa condição diante de Deus: somos culpados pelos nossos pecados! Isto significa que não há nada que nos justifique diante dEle; somos dignos de sermos condenados pelo único justo, presente na sala, Deus. Ninguém por maior esforço que fizesse poderia nos inocentar diante dEle, sim somo todos culpados, merecedores da condenação, e ninguém consideraria Deus injusto pela sentença pronunciada contra nós, afinal temos nossos delitos expostos diante dEle.

Então eu respondi a jovem: A humanidade é um lindemberg diante de Deus.  Paulo ao escrever sua epístola aos Romanos declara: “... todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem sequer um... todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” (Rm. 3:9, 10, 12; 23). E ainda assim se não estivéssemos incluídos nesta condição, estaríamos diante do tribunal divino clamando que Deus fizesse justiça contra tais culpados: Condene-os a eternidade no lago de enxofre.

Mas não foi isso que Deus fez! Mesmo estando na condição de responsáveis pelos nossos pecados, ele escolheu nos justificar por meio de seu filho. Langston no seu livro “Esboço de Teologia Sistemática” diz que Deus não faz o homem justo por declará-lo justificado. Uma das maiores glórias do evangelho é esta doutrina, que Deus, o justíssimo entre todos, pode justificar o injusto sem praticar injustiça.

Em Romanos 3:25, está escrito: “Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nEle. Deus quis mostrar com isso que Ele é justo. No passado Ele foi paciente e não castigou as pessoas por causa dos seus pecados”; ainda em Romanos 4: 25: “... o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.”. Ou seja, Cristo é retratado como o propiciatório no qual eram satisfeitos os justos requisitos de Deus (Lv 16:14), a ressurreição de Cristo ocorreu por causa de nossa justificação; isto é, aconteceu como prova de que Deus aceitou o sacrifício de Seu filho. E pela fé em Cristo somos justificados por Deus.

Louvemos a Deus que não imputou a nós os nossos pecados ainda que merecedores, dignos de condenação, mas preferiu nos oferecer perdão entregando o seu único filho na cruz. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, como efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”. (Rm 8:1-3).

Fico pensando em quem são as pessoas que pediam por justiça; se não havia, por acaso, no meio delas alguém que também estará, por outros motivos, ante a um tribunal para ouvir sua sentença, pessoas que talvez no amanhã assumirão o lugar de Lindemberg por outros crimes que chocarão a sociedade, e talvez não reconhecerão seus erros como ele os reconheceu diante do tribunal, pessoas que certamente ouvirão a mesma sentença: “Culpado”!

Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. (1 Jo 2:1,2)

2 comentários:

  1. Ok! Tudo bem! Vc escreveu que a gente é pecador e todos somos culpados diante de Deus! Blz! Concordo com vc! Mas e aí? No fim das quantas qual a sua opinião, porque o tal do Lindemberg deveria mesmo ter levado a responsabilidade por seus atos! Eu penso assim, que se somos culpados, temos mesmo que pagar pelo que fazemos. Mas no seu texto vc não se posiciona, não fala nem que sim e nem que não! Pelo que entendi, vc nos mostra que devemos ter misericódia, mas isto não significa ficar impune! De qualquer maneira é um texto legal! Põe a gente pra pensar!

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    1. Obrigado pelo seu comentário, ele somente contribui para aprimorarmos em nossas reflexões de maneira que as pessoas possam ter melhor compreensão da mensagem. Pois bem, o objetivo do artigo não é de fato dizer que devemos ou não ter misericórdia, não é este o objetivo do artigo, nem mesmo discutir se o Lindemberg deve levar a responsabilidade dos seus atos, e de que temos que pagar pelo que fazemos, se é que de fato podemos pagar, no que se refere ao pecado. Mas o meu objetivo foi o de nos levar a refletir na condição da humanidade diante de Deus, que segundo as Escrituras somos todos pecadores e não há nada que nos justifique diante de Deus, por isso em vez de sermos condenados por Deus, como o Lindemberg foi pela lei do nosso país, Deus escolheu nos perdoar de nossos pecados ainda que eramos dignos de condenação eterna, e que assim venhamos pensar no quanto Deus é misericordioso para conosco.
      A citação do caso do Lindemberg é apenas uma apropriação para refletirmos na nossa condição e nas misericórdias de Deus

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