Total de Visualizações de Página

Seguidores

Conheça nosso trabalho!

Formação, implantação e desenvolvimento de projetos em:

Treinamento de líderes cristãos | Consultoria em Gestão Educacional (projetos de ensino) |

Assistência Eclesiástica Administrativa | Congressos | Simpósios | Seminários |

Workshops | Palestras

A eficácia do seu ministério é o nosso compromisso!

Entre em contato conosco e agende uma visita: discipuluscm@gmail.com

EM BREVE: NOSSO PRÓXIMO TRABALHO! AGUARDE!

sábado, 24 de março de 2012

POR UMA HERMENÊUTICA LATINO-AMERICANA


Imagem extraída do Google Image
Prof. Leonardo Miranda
______________________________ 

Nesta semana que se passou, tirei um momento para ler a Bíblia, e antes mesmo de começar a ler me indaguei sobre minha própria interpretação do texto bíblico que venho fazendo ao longo dos anos. Foi quando percebi que, na verdade, eu não mantive um padrão de interpretação: o que ocorreu foi que, por influências das diversas denominações onde congreguei e de pessoas que fizeram parte de meu círculo de amizades ao longo de 17 anos como seguidor do Evangelho, eu interpretei a Escritura usando desde o literalismo radical (ex. Deus criou o mundo em 7 dias de 24 horas) até o misticismo radical com alegorias intermináveis (ex. as Igrejas mencionadas no apocalipse nunca existiram historicamente, antes, são ilustrações de alguma fase que nós enfrentamos em nossa vida espiritual). Enfim, pelos exemplos já deve ter dado para perceber o quanto minhas interpretações passadas só revelam o nível de imaturidade espiritual em que me encontrava.

E no prosseguimento de minha reflexão comecei a ler o texto no Evangelho de Mateus, mas confesso que mantive a mente totalmente voltada para minha sincera e vergonhosa descoberta. Então comecei a me perguntar que tipo de interpretação eu faço hoje em meus momentos particulares com Deus e cheguei a uma conclusão que acredito poder compartilhar e até generalizar como resposta, senão para todos os cristãos, ao menos uma grande maioria: tendo em vista que parte de nossas interpretações é fruto das influências das denominações onde congregamos e das pessoas que nos discipulam, me dei conta de que ou interpretamos o texto bíblico, mais especificamente o do Novo Testamento, como se nós fôssemos os pecadores judeus e gentios que receberam a mensagem inicial do Evangelho e dos apóstolos, ou a interpretamos como se fôssemos uma igreja imaculada que anuncia uma mensagem para os pecadores afastados de Deus que ainda não entregaram suas vidas a Cristo. De qualquer maneira, seja no culto doméstico, seja no templo ou em qualquer lugar que se professe o cristianismo, nossa mensagem é extremamente moralizadora no mal sentido do termo.

Daí conclui que precisamos de uma hermenêutica genuinamente latino-americana. Hoje, a consciência teológica me dá condições e, naturalmente, me conduz a procurar compreender o contexto em que o texto bíblico foi produzido, as razões que levaram o autor a escrever aquele determinado trecho, aquela narrativa, ou aquele salmo, ou aquela mensagem profética, ou aquela epístola e assim por diante. Também me preocupo em tentar aplicar os ensinos de Jesus em minha vida e como adequar o Evangelho do Reino ao século XXI, mantendo a integridade da verdade bíblica. O problema de se escrever sobre nós mesmos é que corremos o risco de sermos mal interpretados e algum leitor pensar que estou esnobando; mas não! Não é de minha capacidade que trato neste artigo. Antes, o que proponho é que se o literalismo radical não dá conta de nos responder, se o misticismo alegórico radical igualmente não dá conta de responder, então precisamos buscar pelo equilíbrio hermenêutico na interpretação da Bíblia. Para isso faço alguns apontamentos que considero relevantes para a nossa reflexão:

1) Uma das regras clássicas da Hermenêutica é que eu nunca posso afirmar que um texto significa aquilo não foi a intenção original do autor: Portanto, o intérprete bíblico deve tomar cuidado com as alegorias e ilustrações e metáforas do tipo: “mar significa os povos”, “Egito significa o mundo”, “a rocha de Meribá é um tipo de Cristo”, etc. Cuidado! Se o texto não significa isto, então não force e não tente encaixar o texto estudado em significados que nunca existiram. Eu até entendo que a tipologia foi desenvolvida na tentativa de enquadrar Cristo nos textos do Antigo Testamento, mas antes disso, Fílon e Orígenes de Alexandria já haviam tentado isto no início do Cristianismo e não foram muito bem sucedidos. Seu legado foi a promoção de uma igreja dividida por séculos por causa desse tipo de interpretação. Igualmente cuidado com as intepretações totalmente literais, afinal, ninguém nunca arrancou seu próprio olho e nem sua mão por pecar contra Deus, mas Cristo ensinou que se nosso olho nos faz pecar que o arranquemos!

2) Não precisamos de uma hermenêutica alientante: Hermenêutica alienante é aquela interpretação da Bíblia em que a pessoa entende que para agradar a Deus ela deve se isolar de tudo e de todos, incluindo os valores sociais e a própria sociedade. Um exemplo interessante disso está na clara distorção do texto da epístola de Tiago, em que “a amizade com o mundo constitui-se em inimizade contra Deus”. Normalmente a Igreja evangélica brasileira, e por que não dizer latina, ensina, a partir deste texto, que ser cristão significa um isolamento completo, uma vida totalmente alienada da cultura, das benesses da vida criada por Deus, da bênção que é o planeta e tudo o que ele possui e até dos problemas de ordem política, econômica, educacional, artística, esportiva, enfim, social. Este tipo de interpretação mantém mentes cativas a uma vida alienada e contraditória porque as pessoas precisam sair para trabalhar, estudar, ter lazer e fora do mundo nada disto é possível.  O estudo bíblico coerente individual ou coletivo revela que tudo o que Deus criou é bom (Gênesis 1:31 / 1ª Timóteo 4:4). Também aprendemos no Evangelho (Jo 17:15-19) que a mensagem de Jesus trabalha o nosso caráter de forma tal que não adotamos mais a mentalidade pecaminosa desta sociedade, mas o próprio Cristo não quer que sejamos tirados deste meio, antes nos envia para anunciarmos as boas novas do Evangelho e ainda santifica a si mesmo para que sejamos santificados nele. Isto nos conduz, então, para a necessidade de uma hermenêutica latino-americana.

3) Precisamos de uma hermenêutica latino-americana: Ora, se em todas as gerações a Bíblia é a Palavra de Deus que orienta sobre a sua revelação especial para a humanidade, então, sua interpretação deve ir ao encontro do contexto e do tempo em que vivem as pessoas a serem alcançadas pelo Evangelho. Isto significa que para a vida latina, em sua integralidade (corpo, alma e espírito) e todas as benesses e dificuldades (na cultura de modo geral), a mensagem do Reino de Deus ensinada por Jesus deve chegar de modo completo, dinâmico (buscando mudar a realidade das pessoas) e ativo (ensinando as pessoas alcançadas pela graça de Deus a fazerem pelas outras o que fizeram inicialmente por elas).

Sim! Volto a enfatizar: precisamos de uma hermenêutica latino-americana! Precisamos de uma intepretação que condiga com o sofrimento da vida latina decorrente da injustiça social. Precisamos de uma interpretação que vá ao encontro dos anseios do pobre latino, que trabalhe sua auto-estima e ao mesmo tempo denuncie toda a forma de pecado que se manifesta em qualquer forma de corrupção independente de quais setores sociais (se públicos ou privados). Precisamos de uma interpretação que motive a Igreja a sair de sua zona de conforto (casa ou templo) de modo a conduzi-la a ação social como atitude comprovadora da verdade do Evangelho e que a faça parar com o discurso moralizador que exige mudanças estéticas do recém-convertido em nome de uma pseudo-santificação. Precisamos de uma interpretação que elimine as consequentes mazelas de quem cai no conto da Teologia da Prosperidade.

Enfim, precisamos de uma hermenêutica latino-americana que nos dê a liberdade de uma interpretação coerente da Bíblia. Que não retire nossa humanidade, nossa incompletude e que aceite nossa identidade miscelânica; que nos dê a tranquilidade de cultuarmos a Deus com a pluralidade da cultura e do cristianismo latino-americano como ele realmente é: um povo misto de várias raças que luta para sobreviver, mas espera em seu Deus pela manifestação plena de seu Reino!

Este é o resultado de minha reflexão! Avancemos... Por uma hermenêutica latino-americana!

Pense nisto!        

sábado, 10 de março de 2012

A SUFICIÊNCIA DE CRISTO NA FÉ EM DEUS


Imagem extraída do Google Image

Pr. Márcio A. Leão
_____________________________________


Por esses dias tenho ouvido coisas estranhas em algumas rádios evangélicas onde líderes que se dizem cristãos tem feito uso de muitos artifícios para instigar a fé das pessoas em Deus. Em se tratando do ser humano se relacionando com Deus poderíamos citar como exemplo o primeiro homem criado, Adão. O que a Bíblia nos permite dizer é que o relacionamento entre Deus e Adão era algo muito natural; Deus criando o jardim, colocando o homem no jardim para guardá-lo e cultivá-lo e dominar sobre a criação; Deus trazendo os animais ao homem para que este lhes desse os nomes devidos, se preocupando em lhe dar uma companheira, enfim, não identificamos nenhum artifício, nada que fosse exigido ou necessário entre Deus e o homem. Mas o homem pecou e a partir de então não percebemos mais essa naturalidade entre Deus e sua criatura.

O que se percebe, então, na narrativa de Genesis é que depois Caim e Abel também se relacionavam com Deus, porém, provavelmente na tentativa do homem caído em agradar seu criador, ambos traziam ofertas para oferecê-lo, mas o fato de Deus ter agradado da oferta de Abel não era por causa da gordura ou porque era primícia como tenho ouvido por aí; não, Deus agradou da oferta porque Ele agradava do coração de Abel. E ao percorrer toda a Bíblia veremos o homem sempre fazendo uso de alguma coisa para se “apresentar” perante Deus: oferta, sacrifícios, sacerdote, sumo sacerdote, tabernáculo, etc., mas nada disso foi suficiente para que os homens tivessem livre acesso ao Pai.

O propósito de Deus é que o ser humano volte a ter essa mesma liberdade que outrora, liberdade de se chegar a Ele, de se relacionar com seu Criador. Deus não ama somente a sua Igreja, pelo contrário, a Igreja na verdade é resultado do amor de Deus que, por sua vez, ama sua criação a ponto de dar a vida de seu Filho na Cruz para que todos que creiam no nome de Jesus tenham livre acesso a Ele.

Paulo ao escrever para Timóteo em sua primeira epístola (cap.2, v.5) diz: Portanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. Isso é maravilhoso! Saber que existe um único Deus criador de todas as coisas e que este Deus escolheu nos amar e nos resgatar sem fazermos por merecer, e vendo ele a nossa incapacidade de buscá-lo nos dá o acesso: JESUS CRISTO o único mediador entre Deus e os homens. Tiago em sua epístola (cap.4, v.8) diz: chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós outros... Como nos chegar a ele? De que maneira podemos fazer isso? Por meio dessa maravilhosa graça manifestada em Cristo Jesus. Por isso no Evangelho de João (cap.14, v.6) lemos o dizer de Jesus: Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

Glória a Deus, porque aprendemos então que não precisamos mais de artifício nenhum para nos achegarmos a ele. Veja:

- Não precisamos da “sexta-feira forte” porque em Atos (cap.16, v.05) diz: Assim as igrejas eram fortalecidas na fé.

- Não preciso passar pela gruta milagrosa porque no Evangelho de João (cap.10, v.09) diz: Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem.

- Não preciso da chave da vitória porque em Apocalipse (cap.3, v.07) diz: ... ele tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, e que fecha e ninguém abre.

- Não precisamos nem mesmo da terra do monte Sinai, nem mesmo do óleo ungido de Israel porque no Evangelho de João (cap.15, v.05) diz: ...porque sem mim nada podeis fazer.

- Não precisamos de que ninguém suba ao monte para se “santificar” por nós porque no Evangelho de João (cap.17, v.19) diz: E em favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Nem mesmo pagar “ofertas” sacrificais para sermos aceitos, pois Jesus se compadeceu de um mendigo por nome Bartimeu concedendo a ele a cura de sua cegueira sem se quer cobrar-lhe pelo feito.

- Não precisamos da campanha “águas que curam” ou coisa semelhante porque Jesus se compadeceu de um homem que estava enfermo havia 38 anos à beira do tanque de Betesda esperando a cura, e Jesus o curou sem necessitar que este entrasse no tanque.

Na primeira epístola de Paulo para Timóteo (cap.4, v.9,10) encontramos o seguinte ensino: Fiel é a palavra e digna de inteira aceitação. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. Ou seja, sua fé deve ser posta unicamente em Cristo, é ele que te dá o acesso a Deus, é ele que é o nosso advogado, nada pode se opor entre sua fé e Cristo; não precisamos de muletas ou amuletos para nos aproximarmos de Deus, mas somente da fé. Em Hebreus (cap.11, v.6) aprendemos: porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.

Encerro este artigo agradecendo a Deus por ter nos concedido o livre acesso em Cristo Jesus, agradeço a Deus que viu a nossa insuficiência por meio dos artifícios e sacrifícios, e se manifestou com seu brado na cruz nos convidando a viver com ele para todo sempre. Nada pode se opor, e nada neste mundo é mais suficiente que Jesus Cristo para nos achegarmos a Deus, e isso deve ser testemunhado por todos nós: O qual a si mesmo se deu em resgate por todos. Testemunho que se deve prestar em tempos oportunos. (1ª Tm 2:6)

Solus Christus

sábado, 3 de março de 2012

ASPECTOS BÍBLICO-TEOLÓGICOS DA LIDERANÇA CRISTÃ


Imagem extraída do Google Image
Prof. Leonardo Miranda
______________________________________



Faz uns seis meses que li dois livros sobre “abuso espiritual”. O tema é novo para a reflexão em alguns círculos evangélicos, mas é muito antigo na prática. Um livro apresenta casos de pessoas que hoje tem dificuldades de congregar, de se reinserir no contexto de uma denominação novamente por serem vítimas do tal abuso espiritual; já o outro livro apresenta um breve conceito, como identificar o abuso e uma breve reflexão teológica sobre a resposta bíblica tanto para os abusadores quanto para os abusados.

Mas o que mais me chamou a atenção na leitura das literaturas foi que em ambas os autores procuraram diferenciar abuso espiritual de autoridade espiritual, e, neste caso, mais especificamente dos chamados líderes cristãos institucionais, isto é, aqueles que atuam diretamente no envolvimento com as pessoas na instituição Igreja. O abuso é feito por pessoas despreparadas e a autoridade espiritual tem como base o serviço ao próximo. Desses livros proponho refletirmos nas características bíblico-teológicas da liderança cristã que conferem a verdadeira autoridade para estes líderes e quais os seus limites para não abusarem de ninguém. Veremos que é algo diferente de hoje!

Atualmente se uma pessoa tem uma boa retórica ela é uma forte candidata a ser líder, se outra pessoa é extrovertida e conhece técnicas de comunicação e marketing já está concorrendo a liderança, se, ainda outra, sabe se relacionar bem, ser política e até bajular, temos uma vencedora! Não há, então, uma preocupação em preparar a pessoa para ser um líder ou uma líder no cristianismo brasileiro quase que de modo geral.

Todavia os parâmetros bíblicos não são estes. Sugiro um resgate de valores, apresento o que aprendi há quase 20 anos, quando o evangelicalismo ainda tinha algum respeito e a maioria ainda levava a sério a Ortodoxia Cristã. Vejamos quais são estes parâmetros:

1) Aquele que quiser ser o maior deverá ser como o que serve: É assim que encontramos no ensino de Cristo no Evangelho. O propósito de ser um líder cristão é servir a comunidade cristã, a Igreja, o corpo de Cristo em suas necessidades espirituais e também corporais, ou seja, integralmente dentro das necessidades reais de cada um. Isto nos conduz a pensar que o diferencial do líder cristão no serviço a Deus através do serviço a comunidade é a possibilidade de ele ocorrer não apenas dentro do templo, mas também fora. O que se propõe é que a liderança não fique restrita apenas ao exercício de atividades dentro do templo! Igreja é pessoas, portanto, o líder pode atuar também fora do templo! O foco é sempre servir!

2) Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade: A liderança cristã possui fases: o vocacionado ao ministério passa por todas elas antes de ser consagrado a líder. No chamado o cristão tem uma experiência pessoal com Deus que o convoca para o ministério. Independente de como isso acontece, a seguir vem a capacitação. Trata-se do preparo bíblico-teológico-sociológico a qual todo vocacionado experimenta com o propósito de servir. É nesta fase que se intensificam os estudos da bíblia, o curso teológico e as visitas acompanhadas de um líder mais experiente. Durante o processo de capacitação ocorre, pouco depois, a definição, isto é, qual a área em que o líder vai atuar de modo mais eficaz. Sabedor disto, o líder discipulador deve ser espiritualmente sensível permitindo o crescimento do vocacionado através da prática de exercícios de liderança na área em que atuará definitivamente e, finalmente, a própria liderança, o ápice, o ponto alto, o objetivo de todo vocacionado.

3) Tu porém fala o que convém ao ensinamento sadável. Exorta os mais velhos e aos mais moços se tornando em tudo exemplo mostrando respeitabilidade: Em paralelo a passagem pelas fases, o próprio Espírito Santo testifica no coração da Igreja que ele está fazendo uma obra na vida daquele determinado irmão em Cristo. O Espírito confirma aos demais cristãos o carisma de liderança na respectiva área de atuação estabelecida por Deus para a vida do respectivo vocacionado. A partir daí cabe a cada membro reconhecer e motivar o ministério desse cristão para que contribua para uma prática saudável.   

E o que podemos extrair de todas estas informações? Considerações bem simples:

1) Necessariamente estes três pontos não devem ser vistos como uma espécie de receita de bolo, algo mágico que resolve o problema do abuso espiritual ou a falta de compreensão do que realmente é e quais os limites da autoridade espiritual no contexto brasileiro; é certo que há mais coisas que devem ser ponderadas, contudo, é sabido que se estes princípios bíblicos forem aplicados antes da consagração de qualquer pessoa, o tempo será a grande testemunha apta a confirmar se a pessoa foi ou não chamada por Deus para liderar. Afinal, ela estará lidando com o povo de Deus e com Cristo o Senhor desta comunidade diferenciada e, não, uma comunidade qualquer.

2) Daí decorre que em se tratando de liderança cristã diretamente vinculada a Igreja institucional, ao templo, aos departamentos ministeriais, é interessante perceber como a obra de Deus é completa no que se refere ao vocacionado passar pelas fases do preparo para a liderança e como o próprio Deus prepara a comunidade para receber seu novo líder-servidor.

Portanto a diferença entre abuso espiritual e autoridade espiritual é que no caso do abuso, o líder pode não ter sido devidamente preparado considerando os aspectos bíblico-teológicos da liderança cristã ou nem mesmo ter sido chamado por Deus para ser um líder; já no caso da verdadeira autoridade espiritual, o líder cristão tem prazer em servir porque ele foi experimentado nos aspectos bíblico-teológicos e foi aprovado por Deus; consequentemente foi aprovado pela Igreja.

Então pergunto: Para você que se diz líder cristão, será que em algum momento você não cometeu algum abuso espiritual? E para você que também se diz líder, tem certeza de que foi o próprio Deus quem te chamou ou será que alguém pensou que você poderia “dar um bom líder”? E você aí que também se intitula líder, será que você passou pelo processo bíblico-teológico-sociológico para chegar a ser líder? Mas se o leitor que estiver terminando de ler este artigo não for líder, não se preocupe, saiba você também destes aspectos para que consiga identificar bons e maus líderes cristãos, servos de Cristo ou de si mesmo, que usam carinhosamente e amorosamente de autoridade ou abusam das pessoas espiritualmente.

Num tempo em que a Ortodoxia Protestante tem sido relegada a segundo plano em nome do hedonismo e do materialismo exacerbado, não abandonemos os ensinos genuinamente bíblicos em nome de sermos bem aceitos. Doa a quem doer, a Bíblia é a autoridade final e regra de fé e prática a todo aquele que se diz cristão e está inserido no corpo de Cristo, a Igreja; seja como leigo, seja como líder-servidor.

Pense nisto!