Ao analisarmos o contexto em que o apóstolo
Paulo escreve a carta aos coríntios é impossível não fazer um paralelo com a
atual situação da igreja. A contemporaneidade com das palavras ditas pelo
apóstolo são de causar arrepios àqueles que vislumbram a crise em que se
encontra a igreja no século XXI, vejamos o que diz o texto:
“Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja
entre vós divisões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo
parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da
família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um
de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por
vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1ª Coríntios 1:10-13)
Paulo começa rogando para
que os irmãos digam as mesmas coisas uns aos outros, e que não haja divisões na
igreja. É impossível não pensarmos como hoje são pregados vários discursos
dentro da mesma igreja, como são levantadas tantas bandeiras representando a
mesma cruz e como o partidarismo tem corrompido a pregação do Evangelho. Ao
dizer que devemos ter um só discurso Paulo não está censurando a criatividade,
ou a liberdade de expressão da igreja. Não! Ele está alertando a igreja! Pois a
diferença de pensamentos é o principio da divisão, pois hoje temos uma igreja
multifacetada onde no mesmo ambiente você encontra vários grupos.
Desde o grupo dos
pentecostais, dos tradicionais, dos teólogos, passando pelo grupo dos que
defendem a teoria da prosperidade e dos que são radicalmente contra tal crença,
até o grupo dos “adoradores” e daqueles que não estão preocupados com nada.
Nesse contexto alguém pode
dizer que a igreja é isso mesmo: ela é feita destas diferenças e eu concordo,
porém esta pluralidade somada à ausência de conhecimento bíblico e, porque não
dizer, somada à ausência de novo nascimento, tem resultado em um show de
divisões em nossas igrejas locais. O problema não está no que a pessoa crê, mas
está nela por causa de sua crença. A pessoa é capaz de se posicionar contra seu
irmão alegando sempre que estar certa: “eu
sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Pedro”. Como temos ouvido este
discurso, porém com outras palavras!
Na verdade temos contemplado
uma igreja espiritualmente imatura, pessoas que não aceitam nenhuma repreensão,
nenhuma exortação. Vivemos um tempo em que as pessoas não se adéquam aos
padrões do Evangelho, mas procuram “um evangelho” que se adéque aos seus
padrões e se por ventura não encontram, simplesmente elas criam um. Quantas
vezes não presenciamos pessoas que saíram de suas igrejas somente por não ter
concordado com uma situação, ou porque não aceitaram a correção de um líder,
como meninos saem correndo em busca de um evangelho que possa lhes massagear o
ego.
Em uma carta em que vemos o
apóstolo Paulo exortar de tal maneira uma igreja, ele resume seu discurso nas
palavras do capítulo treze falando sobre o amor:
“Ainda que eu falasse as línguas dos
homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o
sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não
trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá. Porque,
em parte, conhecemos, e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia
como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei
com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então
veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também
sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três,
mas o maior destes é o amor”. (1ª Coríntios 13:1-13)
Só conseguimos entender o que Paulo disse
nesse capitulo quando traçamos um paralelo com a situação de divisão na qual a
igreja de Corinto estava enfrentando: muitos dons, muita coisa acontecendo,
muito pecado, muita conversa, muitos grupos, mas Paulo resume sua exortação aos
coríntios dizendo que “se não tivesse
amor de nada valeria”. Temos
vivido em uma época onde a igreja está perdendo seu amor, onde o poder, a
politicagem, a conveniência, o conformismo com esse século tem possuído os
corações das pessoas e infelizmente da maioria dos cristãos.
Na atual crise de identidade que a igreja se
encontra, nos resta “a fé, a esperança e
o amor” e que o nosso amor seja maior do que todas as outras coisas a ponto
de lutarmos pelo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
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