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Prof. Leonardo
Miranda
Este é o terceiro e último
texto da qual nos beneficiamos em reflexão sobre o Pacto de Lausanne. Os 15
artigos firmados como compromissos continuam atuais e coerentemente apelativos
à nossa consciência. Portanto, nada melhor do que ponderarmos sobre a realidade
da Igreja brasileira a partir deste documento tão importante.
No primeiro texto refleti
sobre a reafirmação do compromisso da Igreja e seu papel na sociedade a partir
dos cinco primeiros artigos. No segundo texto destaquei, a partir de mais cinco
artigos subseqüentes, o que intitulei como pecados coletivos da Igreja ao nos apegarmos
à centralização nas atividades do templo e na falta de evangelização genuína.
Neste terceiro texto exponho os cinco últimos artigos mostrando que o seu
conteúdo é suficiente para percebermos que diante de nos arrependermos de
nossas práticas pseudo-evangélicas, ainda há tempo de assumirmos a verdadeira
identidade que Cristo legou à sua Igreja. Vejamos:
11. Educação e liderança: Confessamos
que às vezes temos nos empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja
em detrimento do espiritual, divorciando a evangelização da edificação dos
crentes. [...] Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver a
educação teológica, especialmente para líderes eclesiásticos. Em toda nação e
em toda cultura deve haver um eficiente programa de treinamento para pastores e
leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em edificação e em
serviço. Este treinamento não deve depender de uma metodologia estereotipada,
mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo com
os padrões bíblicos.
12. Conflito espiritual: Cremos
que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e postestades
do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial.
Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta
batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois percebemos a
atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja,
mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam
o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como de discernimento
para salvaguardar o evangelho bíblico. Reconhecemos que nós mesmos não somos
imunes ao perigo de capitularmos ao secularismo. [...] por vezes tem acontecido
que, na ânsia de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a
nossa mensagem, temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e
temos estado excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo
utilizando-as de forma desonesta. A igreja tem que estar no mundo; o mundo não
tem que estar na igreja.
13. Liberdade e
perseguição: [...] oramos pelos líderes das nações e com eles instamos para que
garantam a liberdade de pensamento e de consciência, e a liberdade de praticar
e propagar a religião, de acordo com a vontade de Deus, e com o que vem
expresso na Declaração Universal do Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda
preocupação com todos os que foram injustamente encarcerados, especialmente com
nossos irmãos que estão sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos
orar e trabalhar pela libertação deles. Ao mesmo tempo, recusamo-nos a ser intimidados
por sua situação. Com a ajuda de Deus, nós também procuraremos nos opor a toda
injustiça e permanecer fiéis ao evangelho, seja a que custo for. Não nos
esqueçamos de que Jesus nos preveniu de que a perseguição é inevitável.
14. O poder do Espírito
Santo: Cremos no poder do Espírito Santo. O pai enviou o seu Espírito para dar
testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção
de pecado, fé em Cristo, novo nascimento cristão, é tudo obra dele. De mais a
mais, o Espírito Santo é um Espírito missionário, de maneira que a
evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A
igreja que não é missionária contradiz a si mesma e debela o Espírito. A
evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a
igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder.
Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do
soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu
povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja
inteira se tornará um instrumento adequado em Suas mãos, para que toda a terra
ouça a Sua voz.
15. O retorno de Cristo: Cremos
que Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente, em poder e glória, para
consumar a salvação e o juízo. Esta promessa de sua vinda é um estímulo ainda
maior à evangelização, pois lembramo-nos de que ele disse que o evangelho deve
ser primeiramente pregado a todas as nações. Acreditamos que o período que vai
desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do
povo de Deus, que não pode parar esta obra antes do Fim. Também nos lembramos
da sua advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como
precursores do Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da
vaidade humana a idéia de que o homem possa algum dia construir uma utopia na
terra. A nossa confiança cristã é a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e
aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo céu e a nova terra em que a justiça
habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, rededicamo-nos ao serviço
de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade sobre a totalidade
de nossas vidas.
A leitura destes artigos
só confirma a compreensão bíblico-doutrinária sobre a Igreja de Cristo que
traduz a sua verdadeira identidade. Observe:
Enquanto estiver pregando
o Evangelho a Igreja é operante, aguardando a volta de Cristo quando finalmente
será triunfante e gozará de paz eterna. Enquanto estiver labutando pela causa
de Cristo, ela é a representante dos interesses de Deus neste mundo. Enquanto
estiver vivendo (praticando) os ensinos bíblicos individual e coletivamente,
assumindo uma visão cristã de mundo, a Igreja demonstra visivelmente a
realidade, a presença e o poder invisíveis do Reino de Deus neste mundo. E é claro
que esta visão de mundo é algo que vai muito além de simplesmente dizer para
alguém “Jesus te ama...”, envolve assumir uma visão bíblico-ética em todas as
instâncias funcionais das atividades humanas em todas as manifestações culturais
em todo o planeta (mas isto fica para outro artigo!).
Mas tudo isto só será
possível ser feito, evidentemente, por meio da graça de Deus, e da consciência
coletiva de todo aquele que se diz “igreja”. Desse modo faço aqui uma
convocação: você que lê este artigo, pondere nas palavras finais do Documento,
logo abaixo e reflita sobre de que modo este texto ou os três textos que
escrevi sobre o Pacto de Lausanne interferiram (ou não) na sua forma de crer e viver
seu compromisso com Deus!
Portanto, à luz desta nossa fé e resolução, firmamos um pacto
solene com Deus, bem como uns com os outros, de orar, planejar e trabalhar
juntos pela evangelização de todo o mundo. Instamos com outros para que se
juntem a nós. Que Deus nos ajude por sua graça e para a sua glória a sermos
fiéis a este Pacto! Amém. Aleluia!
[Lausanne, Suíça, 1974]
Pense nisto!
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