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Prof. Leonardo Miranda
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Buscando inspiração e fatos cotidianos para saber
sobre o que escrever, tive a idéia de reler alguns de meus artigos já
publicados e encontrei este: “Criticando a crítica”. Quando eu o escrevi a
Discipulus ainda não existia; eu nem mesmo pensava em fazer parte deste grupo
tão abençoado por Deus. Assim, relendo, decidi, republicar postando no blog
exatamente por ver o seu conteúdo como algo ainda relevante e, de certa forma,
atual. O texto permanece exatamente como quando o escrevi, até o título permanece
original.
Quando a Discipulus nasceu, nossos sonho e objetivo
eram, ainda são e continuarão sendo o de fazermos alguma diferença dentro do
Cristianismo. Nada de brilhantismo, holofotes, centro das atenções, novas crenças
e novas doutrinas ou mesmo novas revelações. Não! Nada disso! A tal diferença é
única e exclusivamente o desejo de muitos cristãos honestos diante da crise evangelical
eclesiástica de nosso contexto brasileiro: uma tentativa de retorno às
Escrituras e ao Evangelho de Cristo. Ousado? Talvez! Sincero na tentativa de
glorificar a Deus? Totalmente!
O texto criticando a crítica nasceu de uma reflexão
sobre o que eu presenciei nos púlpitos, nos instituições de ensino teológico e
nas conversas informais com líderes cristãos: a crítica mordaz, severa e sem
misericórdia de algumas pessoas sobre as outras, sem um devido parâmetro, de
maneira totalmente inconseqüente não importando a “quem doesse” ou mesmo se
decepções ou traumas seriam provocados nos criticados posteriormente.
De certo modo, quando a Discipulus posta um texto
escrito por mim ou pelos demais escritores que se doam disponibilizando seus
artigos ao blog, é fato que não há como medir a repercussão das mensagens
publicadas semanalmente: alguém pode concordar, outro pode discordar, ainda
outro pode considerar relevante cada reflexão, mas ser mais comedido entendendo
que há talvez certos exageros por parte dos autores, contudo, a intenção da
Discipulus é colocar cada leitor para pensar, para ponderar sobre o que está acontecendo
na realidade ao seu redor e que, às vezes, devido a uma visão de mundo mais
simplista, os fatos passam despercebidos.
Assim, ouso postar este texto em nome da
Discipulus, para que todos os leitores vejam o nível de compreensão que temos
sobre a delicadeza que é tratar dos assuntos que escrevemos. Somo todos
sensíveis quanto a perceber que cada crítica não nos dá alegria, mas, sim,
tristeza, pois estamos lutando contra uma situação de corrupção da mensagem
original do Evangelho, encontrada na Bíblia e na Ortodoxia. Quem nos dera por
der escrever somente coisas boas! Portanto, para todos os que entendem a
crítica de modo errôneo e para todos os que entendem que a crítica deve ser feita,
mas não sabem o modo de usá-la, deixo este texto como uma sugestão sobre como
podemos criticar o sistema corrupto sem “ferir mortalmente” os que pertencem a
ele por ignorância ou pela própria corrupção pessoal. Afinal, o Evangelho genuíno,
mesmo não compactuando com o pecado, deve transmitir uma mensagem de vida a
todos que o ouvem! Faça bom proveito! Boa leitura!
Criticando
a crítica? É isso mesmo que você acabou de ler querido leitor! É preciso
criticar a crítica, é preciso questionar a utilidade da crítica. Afinal, como
eu costumo me perguntar, para que serve a crítica se ela não provocar, no
mínimo, uma reflexão?
A crítica
em si é um instrumento muito útil no que diz respeito a avaliarmos as situações
e as obras humanas cotidianas. A crítica é um julgamento. Mas… se é assim, como
é possível criticar e não pecar em nosso julgamento? Como é possível criticar e
não contrariarmos o ensino do evangelho que nos instrui sobre não julgarmos
para não sermos julgados? (Evangelho segundo Mateus 7:1).Se considerarmos que
nosso julgamento se restringe a faculdade de examinar e/ou julgar as obras de
caráter literário ou artístico, social, político e educacional, sob forma de
análise, comentário ou apreciação teórica e/ou estética ou até mesmo nos
limitarmos à discussão de fatos históricos, necessariamente não estamos
atribuindo condenação a ninguém. Ao contrário, ao limitarmos nossa crítica às
obras acima citadas, nos concentramos em apenas examiná-las censurando o que
não gostarmos ou acharmos que é injusto ou reconhecendo o valor de uma idéia
por seu grau de perfeição e originalidade e, nalguns casos, o benefício que
produzirá à sociedade. O grande problema é quando associamos a crítica ao
julgamento das pessoas. Isso sim é condenável de acordo com o ensino do
evangelho dado por Jesus. Pois nesses casos, o que é a crítica senão o
julgamento advindo da sugestão social que provoca no “criticado” a falsa culpa?
Ao
criticarmos uma pessoa demonstramos preconceito e contribuímos para a formação
de uma baixa auto-estima. Ao criticarmos uma pessoa demonstramos a distorção do
pecado que há em nós, cuja tendência nos induz a censuramos ou condenarmos
aquilo que, inconscientemente, desejamos ter ou ser, mas não temos coragem de
assumir e não suportamos o fato de que o outro seja ou tenha e nós não.
Então, qual
deve ser nossa posição em relação à crítica? Muito simples, devemos assumi-la
como uma ferramenta de discernimento. Criticar as obras e não às pessoas
significa ou demonstra que somos seres pensantes e que ninguém tem o direito de
nos enganar e/ou manipular, seja em benefício próprio ou de outros. Daí se
conclui que é preciso criticar a crítica! É preciso criticar a crítica quando
essa não gera nenhuma reflexão, é preciso criticá-la quando se percebe que o
“ataque” é desferido contra a pessoa, contra o “autor” da fala, da ação ou do
objeto; é preciso criticar a crítica quando se percebe que o “crítico” não tem
motivos conscientes, claros, consistentes, coerentes, plausíveis, objetivos e
benéficos para criticar, isto é, quando o crítico critica simplesmente porque
já foi dominado pela crítica ao invés de dominá-la e agora sua mente já não faz
uso da razão corretamente sem lançar uma crítica qualquer.
É preciso
criticar a crítica quando se vê claramente que sua origem está na inveja que o
crítico sente do criticado. Nessas situações percebe-se notoriamente que o
crítico, no afã de mostrar publicamente que é alguém que pensa, perdeu a
humildade e não consegue discernir e reconhecer que outros também podem ter
originalidade e competência para falar, opinar, agir e criar momentos, ações ou
objetos.
Essa
crítica é chamada de “má crítica” ou “crítica destrutiva”. E onde a
encontramos? Geralmente nalguns conselhos, nem todos, mas certamente em alguns;
nos ambientes de trabalho, no meio de pessoas invejosas e na própria Igreja.
Observe que quando os maus conselheiros, os invejosos, os competidores concorrentes
no ambiente de trabalho e alguns cristãos criticam, estão na verdade, querendo
dizer nas “entrelinhas” que eles pensam, falam ou agem com mais prudência,
melhor ou com mais capacidade do que os criticados, revelando então, que os
criticados não sabem viver sua própria vida. Isso restringe a liberdade de
pensamento e decisão do criticado.
Para esse
combate sugiro duas ferramentas: uma usada em mim mesmo se eu for o crítico e a
outra sobre aquele que projeta a crítica, ou seja, se o crítico for outra
pessoa:
A primeira
eu intitulo de “crítica introspectiva” e funciona em mim: quando eu desenvolvo
uma crítica devo me perguntar, criticando a mim mesmo, o porquê de minha
crítica e qual o seu alvo; assim saberei se minha crítica procede ou não. Se a
resposta for positiva, isto é, se proceder, se minha crítica for sobre a obra
do autor e sua origem não estiver na inveja, na falta de humildade, ou na falta
de discernimento; a seguir devo observar se ocorrerá conseqüentemente uma
reflexão que me leve a duas mudanças em minha vida 1)aprender com o acerto ou o
erro do autor para me tornar uma pessoa melhor, jamais desprezando ou
inferiorizando o autor por seu erro, se assim acontecer; e 2)se eu fosse o
autor como eu faria e de que forma isso beneficiaria também aos demais, além de
mim mesmo, na medida do possível.
A segunda
eu intitulo de “crítica da crítica” e funciona na pessoa que criticou: ao ouvir
a crítica devo perguntar sutilmente qual a razão dessa e o que o crítico
observou para desferir sua crítica. Pelo simples uso da lógica o crítico se
denunciará se suas razões não forem consistentes. Pois naturalmente ao
demonstrar seu objeto de crítica, seja a pessoa criticada, isto é o autor, ou
não, ao ser questionado o porquê de sua crítica se o crítico demonstrar falta
de domínio do assunto ou desdenho, já se saberá que essa critica não tem
fundamento nem lógico, nem pedagógico e nem bíblico.
Sei que
escrever sobre o tema proposto nesses tempos em que a individualidade tem sido
“endeusada” com o apoio da relatividade e da subjetividade não é fácil, e
talvez seja necessária uma avaliação mais completa, que por sua vez, exija
certo nível de complexidade tendo em vista decidirmos quais os apontamentos ou
quais os parâmetros que devemos usar para afirmar quando alguém está dando um
mau conselho ou está com inveja do criticado. Inclusive a própria Bíblia está
recheada de instruções sobre os benefícios da multidão de conselheiros e
conselhos. Todavia certo é que alguns dos apontamentos usados neste artigo e
que devem ser combatidos são a inveja, a falta de humildade e a falta de
discernimento. Portanto, querido leitor, todas as vezes que percebermos que a
crítica feita ergue-se contra a pessoa, e sua origem está numa dessas razões
acima citadas devemos combatê-la, devemos criticá-la, devemos criticar a
crítica.
Pense
nisto!
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