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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO CRISTÃ: ANTIGA FERRAMENTA PARA NOVOS CONCERTOS

Imagem extraída do Google Image
Prof. Leonardo Miranda
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Nos últimos dias venho refletindo sobre a cultura ocidental, a Igreja e a educação. Terminei há poucos dias a leitura de uma apostila sobre História da Igreja e concluí que o tempo é, de fato, a maior testemunha de que alguns eventos parecem mesmo ser senoidais. Não cremos como os gregos que o tempo seja cíclico e a história se repita, mas percebemos claramente que alguns eventos são muito parecidos e isto nos dá a impressão de que instituições como Estados, Igreja e determinados fenômenos sociais são senoidais no sentido de sempre passarem por “altos e baixos”, ascensão e queda, momentos gloriosos e momentos inóspitos, de fraqueza e mediocridade. E ao olhar para a instituição Igreja latino americana hoje, tenho a sensação de que somos da geração que vive o tempo de declínio, mas sempre esperançosos de que Jesus é o Senhor da Igreja.

Enquanto penso sobre o momento difícil em que vivemos como “corpo de Cristo”, tento, como teólogo, pensar nas demandas que o Brasil apresenta e nas respostas que o Evangelho aponta e percebo que a educação sempre foi, ao longo da história, um instrumento da Igreja na luta externa (contra o preconceito, contra a perseguição do Estado e contra outros religiosos) e na luta interna (dentro da própria instituição contra as heresias e as opiniões particulares que se insurgiram contra a bíblia e a ortodoxia cristã), daí minha ponderação sobre a educação cristã para hoje que ora compartilho:

Educação é algo inerente ao ser humano; faz parte da essência de cada pessoa. Assim como o ser humano tem necessidades espirituais, biológicas, psicológicas e sociais, igualmente, para que seja capaz de compreender a si mesmo como sujeito que interage com o ambiente em que se encontra e até mesmo compreenda seu próprio desejo de interação, tem a necessidade de educação, de se formar e se desenvolver em todas as instâncias.

A Educação Cristã é o fruto desse reconhecimento e na Bíblia encontramos dois exemplos sobre sua importância:[1] o primeiro é a própria Lei de Deus revelada no Antigo Testamento que possui orientações e ordenanças civis, penais e religiosas não abarcando somente o lado religioso institucional, antes, englobando todos os âmbitos da vida humana.[2] O segundo exemplo é a própria ação ministerial de Jesus Cristo que era conhecido como um mestre e ordenou explicitamente aos seus seguidores que utilizassem o método educativo[3] para comunicar a outras pessoas sobre os novos valores e convicções do Reino de Deus.  Ora, se a própria Bíblia dá exemplo da importância da educação, isso significa que a educação cristã precisa abarcar todas as áreas da vida humana.

Educação Cristã nada mais é do que a aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual, moral e espiritual do ser humano, alcançando a integralidade do ser sob a ótica da Bíblia, a palavra de Deus.

Ao tratarmos da Educação Cristã, estamos envolvidos em dois processos distintos, mas que interagem o tempo todo: 1) a educação cristã eclesiástica, que trata da formação teológica referindo-se à transmissão da fé em seus aspectos bíblico, doutrinário e ético, e 2) a educação cristã geral com pressupostos e valores teístas, cristãos dentro e fora do lar. Ambas as perspectivas precisam ser ponderadas, estudadas e desenvolvidas a fim de que cristãos e não cristãos compreendam que é possível viver a fé de um modo que não seja nem dualista e nem excludente e ainda capacite a Igreja a responder as demandas e os desafios postos diante de si.[4]

Como se pode notar, educação genuinamente cristã é possível, voltar a usá-la, reconhecendo-a como uma antiga ferramenta que serve para novos concertos é nos respaldarmos dos princípios apresentados na própria bíblia. Não querendo ser reducionista, mas basta iniciarmos um trabalho de conscientização a partir da proposta de que cada cristão assuma uma visão cristã de mundo que implique em substituir as bases de crença idolátricas que formam a cultura, criando uma “cultura alternativa” que assuma bases bíblicas, cristãs.

Pense nisto!

Nos próximos artigos ponderaremos sobre o sentido e o desafio da educação cristã! Não perca!


[1]Não há como negar que o reconhecimento da educação como o meio de instrução pessoal, familiar e social seja algo antigo, provavelmente anterior à própria produção do Antigo Testamento e até mesmo anterior às pessoas que viveram nessa época. Mesmo que a educação não fosse refletida e assumida com um caráter científico, certamente já fazia parte da prática de todo povo antigo como uma das formas de preservação e sobrevivência. Então quando se fala de exemplos bíblicos, trata-se, na verdade, de exemplos que consideram a educação associada à crença em Deus e como ferramenta para ensinar sobre a própria divindade e sobre questões existenciais. Portanto, trata-se de exemplos de uma forma de educação que assume bases teístas, isto é, que admite a existência e a consequente intervenção de Deus.
[2] Cf. 2ª Carta de Paulo a Timóteo 3:16,17 em que a “Escritura” mencionada, no contexto original do autor, refere-se ao Antigo Testamento.
[3] Cf. Livro de Atos dos Apóstolos 5:42.
[4] Quando se estuda a história da Educação incluindo as propostas filosóficas que articularam as mais variadas formas de adequações do processo ensino-aprendizagem, percebe-se que até o fim da Idade Média não havia diferenciação e separação entre “ensino religioso ou cristão” e “ensino secular”. Pelo menos no Ocidente o ensino era um só, o cristão. Somente na modernidade foi que ocorreu a separação. Este artigo apenas propõe uma reflexão teológica acerca da necessidade de que seja assumida a educação cristã como base para a capacitação da Igreja e a formação da cidadania.  

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