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terça-feira, 3 de setembro de 2013

EVANGELHO NA CULTURA: A RAZÃO DE SER E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Imagem extraída do Google Image

Prof. Leonardo Miranda
______________________
No artigo anterior foquei o conceito e a base bíblico-teológica para a elaboração e o desenvolvimento da Educação Cristã. Neste artigo, enfatizo razão de ser e o desafio desta proposta educacional crendo que a cultura por si só é algo positivo, mas está contaminada pelo pecado e precisa ser evangelizada. Assim, me apropriando de um trabalho que já escrevi faz algum tempo e agora o publico parcialmente na forma de artigo com as devidas adequações.

Pois bem, o foco da educação cristã está na antropologia cristã. Considerando que o ser humano, existencialmente, pode ser visto como uma espécie de microcosmo, uma síntese do universo que resume tudo o que é encontrado no macrocosmo, o ápice da criação de Deus, isso o torna distinto das demais criaturas por ter recebido a Imagem e Semelhança de Deus.[1]

Essa Imagem e Semelhança o torna apto para aprender todas as coisas. Assim, a Educação Cristã pressupõe que o homem nasceu com a capacidade de adquirir compreensão da realidade e aprender as diversas formas do conhecimento, porque tais capacidades foram dadas por Deus. Daí se conclui que se todas as pessoas foram criadas por Deus à Sua Imagem, conforme Sua Semelhança, todos não apenas devem, mas possuem o direito de ser igualmente educados.[2]

O respaldo teológico dessa afirmação encontra-se na crença de que o homem é a coroa da glória de Deus, pois nele foram reunidos todos os elementos materiais e todas as formas e seus graus para exprimir toda a arte da divina Sabedoria.[3] Ao criar o ser humano, Deus o dotou com uma mente infinita e adicionou os sentidos para ajudá-lo na questão do conhecimento, ou seja, é através desses sentidos que a mente chega a todos os objetos externos e nada fica oculto. Então, não há nada no mundo que um homem, dotado de razão e sentidos, não possa compreender.[4]

Contudo, na Queda[5], o pecado alienou toda a criação, ou seja, não destruiu a estrutura da ordem criada e nem a tornou essencialmente maligna, mas a reorientou numa direção de apostasia. Desde que a queda foi total o homem distorce seus pensamentos e suas ações visando à idolatria.[6] Porém a redenção proposta por Jesus Cristo envolve a recriação do ser humano como “nova criatura” e, com isso, o seu redirecionamento para Deus dando a devida importância para o restante de sua criação. Tudo o que foi criado é objeto do amor redentor de Deus, que tem seu alcance integral.

Assim cabe ao cristão a missão de cooperar com Cristo para mostrar na cultura à humanidade caída as riquezas que Deus pôs na criação para que ela mesma se envolva com a restante da realidade harmonicamente e goze de tudo. E para que isso ocorra é preciso que o cristão se envolva nas atividades culturais em todos os níveis da vida, tendo como referencial a fé no Evangelho de Cristo.[7]

E é aí que reside a razão de ser da Educação Cristã, de sua existência enquanto ciência, enquanto produção cultural: o sentido de sua funcionalidade. A cura para a corrupção humana não está na especulação dos homens, mas no exame da realidade através de uma visão cristã de mundo e em reconhecer que o problema existe e precisa ser tratado. Cabe, então, a Educação Cristã servir como ferramenta que entrelaça todas as áreas do conhecimento com a verdade da existência do Deus Criador e com a revelação proposicional encontrada nas Escrituras[8], para que, integralmente, o ser humano seja educado.   

Já se sabe que para que o ser humano seja capaz de entender a si mesmo e sobre sua interação com o ambiente em que se encontra é preciso educação. Contudo não é qualquer educação, não se trata apenas de reprodução de informações por si. Isso não faz nenhum sentido! É preciso que seu saber teórico, seu saber crítico e seu saber técnico encontrem uma razão de ser, um sentido. Daí a necessidade de uma educação integral, isto é, uma educação que envolva o ser humano como um todo, uníssono: espírito, alma e corpo, raciocínio, emoção e capacidade de escolha.

A educação não cristã, crendo numa suposta neutralidade, tende a se manifestar como um movimento de intelectualidade dominante que vê o ser humano de forma fragmentada com as áreas “religiosidade”, “racionalidade” e “sociabilidade” incomunicáveis entre si, apenas caminhando juntas paralelamente.[9] Já a educação cristã faz o inverso, trabalhando para a promoção da integralidade.

O objetivo é que a educação cristã promova formação cristã, transformação pessoal, crescimento intelectual, e transformação da cultura de modo que a verdade e a sabedoria instruam o educando em todas as suas dimensões, tendo como resultado uma pessoa capaz de resgatar valores cristãos usando-os para a re-significação ou construção de novos valores caracteristicamente teístas na cultura, na ciência, na técnica, nas artes, na economia, na política e na própria educação devidamente repensada.[10] Por isso, constituem-se como alvos imediatos da educação cristã, levantar sua “bandeira de defesa da fé cristã” e, principalmente, formar pensadores, cientistas, tecnólogos, filósofos, educadores, teólogos e todo tipo de intelectuais, doutores nas ciências humanas, biológicas e exatas dotados de princípios bíblicos e mente aberta para o estudo da criação[11] e cumprimento da ordenança divina de dominar sobre a terra.[12]

Daí o grande desafio da educação cristã ao focar-se na integralidade do ser, pois para que o objetivo seja alcançado é preciso lançar-se diante da superação e apresentar uma educação que seja capaz de recuperar os conceitos de verdade, realidade e possibilidade de conhecimento, cuja base tenha Deus, o ser humano e o cosmos como referência.[13] E para isso, barreiras precisam ser transpostas, tais como:

  • Desmantelar essa idéia atual de que “sucesso pessoal-profissional” de qualquer pessoa significa ser predador do outro e manter, no máximo, uma relação superficial com esse outro.

  • Ser capaz de reconhecer a visão de mundo ateísta por trás dos princípios filosóficos dos grandes pensadores não cristãos que vêm influenciando a sociedade ao longo dos séculos.

  • Trabalhar para que os cristãos resgatem a capacidade de desenvolver cultura na humanidade, ao invés de deixar isso para os não cristãos, libertando, definitivamente, os cristãos da idéia de que somente a visão de mundo ateísta é parâmetro acadêmico aceitável para explicar e desenvolver erudição;

Enfim, a educação cristã deve estar comprometida com a formação de uma visão cristã de mundo que sirva como filtro para que tudo isso seja realizado e o ser humano viva em harmonia com Deus, consigo, com o próximo e com a natureza, ou seja, viva integralmente. 

Trabalhar para a formação integral do ser humano é a realização máxima da educação cristã. O desejo de que ocorra essa realização está embasado nos fundamentos da doutrina cristã, cujo princípio central é o conhecimento que se deve ter sobre Deus e que dá sentido à vida humana.[14] A partir desses fundamentos, a educação cristã compreende que a formação integral ocorre no desenrolar do processo educativo através da associação feita entre a espiritualidade humana e os demais aspectos da formação educacional (a língua, a literatura, a história, a ciência, as artes, o esporte e todas as demais que compõem um currículo escolar), tanto no âmbito individual quanto no social.[15]

Pense nisto!


[1] COMENIUS apud LOPES, p.57-58.
[2] LOPES, p.58.
[3] Ibdem, p.59.
[4] Ibdem, p.60.
[5] Queda é a terminologia teológica para indicar a existência do pecado na vida do ser humano. Simbolicamente, significa que antes da desobediência de Adão e Eva, o primeiro casal, ambos estavam “de pé” diante de Deus, isto é, sem culpa, sem medo, sem dever nada. Depois veio a “Queda”, isto é, depois “caíram” diante de Deus, ou seja, se tornaram culpados, medrosos e devedores diante de Deus, não sendo mais capazes de permanecer “de pé”, tornando-se, principalmente, carentes do perdão de Deus. 
[6] Detalhes sobre esse conceito, conferir nessa apostila o capítulo 3, Bases Teológicas da Educação Cristã, tópico 3.3, A crença nas doutrinas Criação, Queda e Redenção.
[7] CARVALHO, p.128.
[8] PORTELA, p.125.
[9] MOURA, p.101.
[10] Ibdem, p.97.
[11] MOURA, p.97.
[12] De acordo com o comentário encontrado na Bíblia de Estudo Genebra, esse domínio é entendido como o mandato cultural, isto é, Deus deu uma ordem, um mandato em que o homem deve dominar sobre a natureza (entendida, aqui, como reino animal, vegetal e mineral) promovendo intervenções benéficas nela, isto é, produzindo cultura. Um exemplo bíblico disso foi a capacidade que Deus deu ao homem de dar nomes aos animais (Gn 2:19,20). Mais detalhes conferir nessa apostila o capítulo 3, Bases Teológicas da Educação Cristã, tópico 3.5. A Doutrina da Vocação e o Mandato Cultural.
[13] MOURA, p.98.
[14] MORELAND apud MOURA, p98.
[15] BORGES apud MOURA. P.98.

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