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Prof. Leonardo Miranda
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A vida inteira de Jesus, sua morte e ressurreição estavam intimamente ligadas à promessa de Deus de repartir as bênçãos de Abraão entre todos os povos da Terra. Para isso, Deus usou pessoas e situações não ligadas a Israel para o cumprimento da vinda de Jesus, o Messias. Da leitura do Antigo Testamento descobrimos que Tamar, mulher de Judá, era da família de Canaã; Raabe, a prostituta de Jericó, que escondeu os espias judeus pouco antes da famosa queda da cidade, foi casada com o hebreu chamado Salmom e participa com ele da genealogia de Cristo. Rute, a moabita, casou-se com Boaz, filho de Salmom e Raabe, e deu a luz um filho chamado Obede, que veio a ser o avô do rei Davi, de onde procede a genealogia de Jesus. César Augusto, um imperador gentio, garantiu, por meio de um decreto, que o nascimento de Jesus acontecesse em Belém, a cidade de Davi, para que se cumprisse a profecia do Antigo Testamento feita pelo profeta Miquéias. Jesus também encontrou segurança contra Herodes no Egito, terra de gentios.
Todos esses episódios de gentios, isto é, de não judeus, que fizeram parte da genealogia de Jesus ou terem sido usados no contexto de um propósito maior em benefício do ministério terreno do Salvador, só servem para confirmar o que Jesus deixou claro no ensino do Evangelho: que nós, os gentios, temos um potencial tão grande para a fé quanto os judeus; e somos igualmente abençoados por Deus no que se refere ao derramamento de sua graça! Não por merecimento, como o nome sugere é derramamento de “graça”! Jesus fazia uso das situações ocorridas com não-judeus como exemplos para ensinar sobre retidão aos judeus; exemplo disso é a clássica parábola do bom samaritano.
Ao contar histórias desse tipo, Jesus dificilmente poderia ser acusado de favorecer aos judeus. Muito pelo contrário, Jesus afirmou aos samaritanos e aos seus discípulos que sua comida era fazer a vontade de seu Pai, essa vontade consiste no cumprimento da promessa divina feita a Abraão de abençoar “todas as famílias da terra”.
Jesus preveniu que o fim do mundo não virá enquanto o mundo não conhecer, enquanto o evangelho não for pregado a todas as nações. Na frase original em grego, alguns estudiosos afirmam que o vocábulo ta ethne deveria ser traduzido como “todos os povos”, e não todas as nações, pois isso implica na possibilidade interpretativa de que Jesus estaria interessado em estruturas políticas transitórias, temporais, ao invés de comunidades humanas etnicamente distintas.
Todavia, considerando que todos os homens, que compreenderem que o sacrifício de Jesus foi pela expiação de seus pecados, se sentirão atraídos por Ele, o missiólogo Ralph Winter afirmou que Jesus não veio para delegar a Grande Comissão, ou seja, a ordem de ir e anunciar o Evangelho a todo o mundo, mas, sim, tirar dos judeus e passar para a Igreja, para que o mundo visse o que os cristãos gentios fariam uma vez que a recebessem nessa forma imperativa descrita no Novo Testamento: ide...!
A lição deixada nos Atos dos Apóstolos
Milhões de cristão interpretam que o livro Atos dos Apóstolos escrito por Lucas registra a obediência dos 12 apóstolos à Grande Comissão. De fato, não se pode descartar esse momento de expansão do Evangelho, de cristianização dos gentios.
O resumo abrangente das Escrituras feito por Jesus e seu mandamento direto, confirmando o plano de Deus para o mundo inteiro deveria servir de motivação necessária. Tudo isso somado à ação poderosa do Espírito Santo concedendo-lhes poder, deveria transformá-los em missionários transculturais dinâmicos!
Na ocasião em que o poder do Espírito Santo veio, cerca de 15 regiões diferentes do Oriente Próximo e Médio estavam representadas por judeus piedosos que se reuniram em Jerusalém para a festa de Pentecoste. Além de seu conhecimento comum do hebraico e do aramaico, esses judeus da Diáspora, isto é, que foram dispersos, falavam várias línguas gentias. O poder do Espírito permitiu que os que estavam presentes aguardando esse acontecimento falassem nas línguas gentílicas de modo que todos esses judeus compreendessem. E por quê?
Partindo do contexto do ministério de Jesus e seus planos para o mundo inteiro, a concessão desse poder através da capacidade de falar as línguas gentílicas mostrou ter um único objetivo: destacar o propósito específico da evangelização de todos os povos. Daí qualquer busca de poder para fins próprios, mero prazer, engrandecimento pessoal ou simplesmente para experimentar torna-se uma distorção do propósito inicial de Deus em preparar a Igreja para missões.
A lição deixada por Atos é que qualquer ação da parte de Deus em investir na sua Igreja só possui uma finalidade, despertá-la para fazer missões. Portanto, qual o sentido da existência da Igreja? Bênçãos pessoais? Prosperidade? Cura? Libertação? Pode-se dizer que tudo isso, segundo a soberana vontade de Deus virá como consequência de um relacionamento saudável entre Criador/criatura. O sentido existencial da Igreja se encontra em dar prosseguimento à grande comissão, à ordem sacerdotal de anunciar. Colocando em simples palavras: fazer missões! Por isso Jesus é o Messias para todos os povos!
Pense nisto!
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